27 de jan. de 2014

Longoterapia

2012milesin2012.tumbrl.com
“Quantos km’s vai correr hoje?”
“30km”
“Nossa, pra que tanto??? É cansativo.”

Quem corre longa distância já ouviu isso muitas vezes.  Muitas pessoas, geralmente quem não corre,  acha que correr 20km, 30km, 40km é um sofrimento, castigo, uma punição.  Como se fosse um autoflagelo, uma expiação de pecados que fazemos, um masoquismo.

Se colocarmos na ponta do lápis, ou melhor, no mapa, de fato 30km, 40km é uma boa distância e que muitos percorrem apenas de carro. Mas para nós, corredores e triatletas de longa distância é uma terapia (manter a sanidade! Lembram desse post?). Só será sofrimento se você não estiver bem orientado ou deixar que isso aconteça (e eu confesso, já deixei isso acontecer algumas vezes).

Até um tempo atrás eu corria alguns dos meus longões com a cabeça a mil! Planejava a semana, o mês, o ano. Mil vezes. Organizava a agenda mentalmente, planejamentos, prazos. Era um tempo pra mim mas que eu não me desligava de mim mesma. E achava isso normal. Cabeça começava a mil e terminava exausta, pois além de estar cheia, ainda havia o desgaste do treino. Uma eterna batalha corpo x mente. Desligar-se era quase uma missão impossível pois sempre temos um problema pessoal, profissional, alguma preocupação ou algum fato que acontece antes de treinarmos e mexe na nossa concentração.

Foi então que passei a correr com a cabeça vazia. Sim, vazia! Sem pensar em nada, apenas controlando o pace (que sempre foi uma árdua tarefa) e observando o entorno, o ambiente. Percebi que posso dar 10 voltas no parque que cada vez terei uma paisagem diferente para contemplar, ganharei mais um bom dia e um sorriso. Isso é um ótimo combustível!!

No entanto, concentrar nem sempre é fácil.  E ficar concentrado 2h, 3h, 4h é menos fácil ainda. Nesse sentido, um psicólogo húngaro, Mihaly Csikszentmihalyi, desenvolveu a teoria do “State of Flow” (aqui tem um ótimo TED sobre ele), direcionado para a busca e bem-estar pessoal, mas totalmente aplicável nas corridas. Segundo ele, esse seria um “estado mental no qual a pessoa que está envolvida em uma atividade de performance fica totalmente imersa em um sentimento de energia e foco, totalmente envolvida e gostando do processo dessa atividade".

Csikszentmihalyi, ensina que para atingir esse estado leva-se tempo e requer dedicação, mas que, além disso, é necessário observar 6 requisitos essenciais:

HABILIDADE: praticar muito.
DESAFIO PARA BUSCAR: ter uma meta que te desafie mas que seja possível de atingir
TRABALHO EM CONJUNTO: ter orientação profissional
OBJETIVOS CURTOS: pequenas metas que reflitam o progresso da sua preparação
SISTEMAS : que removam suas distrações e construam novos hábitos
VALORES: principalmente intrínsecos que conduzam essa busca.

Na vida esportiva poderíamos facilmente traduzir:
  • Praticar e treinar. Sabemos que sem treino, não há progresso e nem vitória.
  • Ter uma meta, um objetivo que te desafie porém que seja possível de ser atingida, mesmo que com esforço. Metas inatingíveis vão levá-lo a frustração.
  • Objetivos a curto prazo para “medir” seu progresso. O feedback de pequenas provas irão dizer se você está no caminho certo ou não. No meu caso, comecei a treinar a cabeça vazia em pequenas distâncias, aumentando, fiz uma prova no fim do ano passado assim também. E fui avaliando onde melhorar.
  • Ter uma equipe para te orientar. Um bom treinador que trace contigo um planejamento adequado em busca do seu objetivo, que treine seu corpo e sua mente. Isso é essencial.
  • Sua capacidade de saber o que quer e correr atrás, sendo honesto consigo mesmo, sem se enganar. Remover o que distrai e atrapalha e passar a traçar uma rotina adequada com sua preparação.


Depois de 30km de “cabeça vazia” posso dizer que saí 30kg mais leve. Isso não significa que não cansei...rs Mas a cabeça cansou menos. Muito menos. Realmente foi uma terapia, você sai mais leve e sem a sensação de que longão é aquele dia na agenda que você vai cansar, sofrer e terminar acabado.
Fim do treino de ontem com minha mãe,
que me acompanhou de bike por 15k
Bora tentar? Seja 1km, 5km, 10km, a distância que for...Tenha certeza que isso irá se refletir também no seu dia a dia.  Por uma vida mais leve!

Bons treinos e boa semana!




24 de jan. de 2014

Correr uma maratona pra manter a sanidade

The Oatmeal
Não sei se acontece com vocês mas sempre tive a sensação de haver uma cobrança para que o atleta, principalmente amador, avance nas suas distâncias, seja na corrida ou no triathlon. 

Se já corre 10km, vem a pergunta: "quando vai passar para 21km?"; se já conclui meia maratona, há o questionamento clássico: "e a maratona?" - e pra quem já corre 42km a sugestão para correr uma ultra. Igualmente no triathlon, se faz short vem a cobrança para fazer olímpico, depois meio ironman até chegar no Ironman. 


Mas quem disse que "tem que fazer" isso ou aquilo???? 
Não tem norma, regra, exigência. Aumenta distância se quiser, se achar bacana, se interessar. Do contrário, não! Conheço muitas pessoas que correm provas de 5km e 10km e não pretendem passar dessas distâncias, assim como triatletas que fazem short e olímpicos e vão muito bem. Alguns porque se sentem confortáveis, outros porque é o limite de tempo para treinar diariamente e ainda há atletas que vão melhores em distâncias menores e enfatizam isso.

lostangelesblog.com
No entanto, um corredor inglês que não ligava se X, Y ou Z já tinha feito ou corriam mais que ele, descobriu porquê ele precisava correr maratona. 

Li um artigo interessantíssimo publicado há duas semanas no Jornal britânico The Guardian - Why I need to run marathons . Ele fala sobre como uma maratona pode interferir na vida de uma pessoa e se tornar fundamental para sua sanidade - e eu ainda ousaria adaptá-lo para qualquer preparação esportiva.

O texto escrito por aquele corredor inglês, o Tim Smillie, mostra como a maratona "salvou" a sua vida. Se preparando para sua 4.ª maratona, Tim conta que a preparação para a maratona é que mantém sua sanidade pois é ela quem diz o que comer, o quanto beber, quanto se exercitar e descansar. É a preparação que norteia sua rotina. E para ele isso é necessário pois Tim tem tendência a exageros - na comida, bebida e consumo em geral. Dessa forma foi uma maneira que ele encontrou para manter o controle, uma vez que já havia usado antidepressivos (que não funcionaram por não se tratar de depressão propriamente dita), técnicas de meditação (que auxiliaram até certo ponto) e aproximou-se do Budismo (que foi muito útil porém não o afastou das caixas de doces). 

Preparar-se para uma maratona foi algo especial pois ele passou a dedicar horas do seu dia para isso, não só nos treinos, mas também pesquisando dicas, relatos, equipamentos e planejamentos na internet. Isso tornou, como ele mesmo disse, uma identidade "semi secreta" - O CORREDOR - que buscava superar seus limites e bater seus recordes.

www.redbubble.com

Acredito que no fundo o esporte causa isso em todos nós - ou grande maioria. Quando estamos nos preparando para uma prova seguimos a risca o planejamento feito com o treinador, a alimentação específica, hidratação, suplementação, repouso, pesquisamos bons equipamentos. É a disciplina que o esporte - seja corrida ou triathlon - nos trazem. Quantas vezes não trocamos ideias com amigos, pesquisamos novos suplementos, provas interessantes, passamos horas na internet em função da nossa preparação? O que acontece com o Tim, acontece com muitos de nós. 



Seja maratona, meia maratona, Ironman, meio Ironman, independente da distância, há uma preparação. E é justamente ela quem nos mantém "sãos" nesse mundo doido em que vivemos. Então, maratona é coisa pra doido? Sim!! Pra quem é doido por manter sua sanidade e sua saúde!

Bons treinos! Nos vemos por aí!

19 de jan. de 2014

Instagram

Pessoal,

Bem-vindos a 2014!!

Sim sim...já estamos no dia 19 de janeiro, eu sei..eu sei...


Uma das novidades é o perfil no Instagram : @vividombrowski . Fotos dos treinos, lugares, comidinhas, piadinhas, um pouco de tudo.

E vambora que esse ano promete muito!! Mais novidades em breve!

Bons treinos!