18 de mai. de 2014

Corredor fora do padrão - releituras

Pessoal,
Este foi um texto que publiquei em um site esportivo, no ano passado, mas que acho válido sempre ler, reler e ler novamente. 
Corredor fora do padrão - mas que padrão?
Quem nunca ouviu alguém desdenhar de algum corredor que estivesse fora do “parâmetro” (e eu acho cansativo demais, além de ultrapassado, essa história de padrão. Todo ‘paradigma’ acaba por ensejar o preconceito contra o que está fora dele…mas vou parar por aqui) ou cantando vitória que a prova seria fácil, que a distância é moleza? Provavelmente todos nós já vimos isso algumas vezes.
Pois bem, repare nessa moça:
www.taringa.net
www.taringa.net

Ela se chama Savannah Sanitoa e é atleta olímpica da Samoa Americana, por onde compete nos 100m rasos. Esta foto tirada no mundial de Berlim em 2009, foi motivo de muitos comentários em relação à forma física da atleta em comparação às demais concorrentes. Sim, é notório que Savannah está acima do peso mas mesmo assim ela ela cravou 14.23s em 100m, 0.16s acima da sua melhor marca 14.07s. Não foi campeã, logrando apenas a 6.ª colocação, como pode ser visto neste vídeo da prova. Ressalte-se que o recorde para a distância foi nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, quando Florence Griffith Joyner marcou 10.62s.

É normal do ser humano criar padrões. E quem não se encaixar neles, estará sujeito ao preconceito. É uma imposição da sociedade ser magro para ser feliz e ter sucesso e quem não for estará a mercê de comentários maldosos e dissabores em público. Não, não estou dizendo que é saudável estar acima do peso. E não é. O que quero dizer é que nem todas as mulheres precisam querer ser uma “Angel” da Victoria Secret e nem todos os homens serem um David Beckhann. A natureza nos confere características próprias e não podemos lutar contra elas, ao contrário, devemos percebê-las e explorá-las ao máximo e, claro, manter a saúde e o bem-estar.
Nesse sentido, veio a calhar a campanha – Retratos da Real Beleza ( veja o vídeo aqui ) – lançada pela Dove, a qual demonstra bem o quanto nós mulheres subestimamos nossa beleza. Somos bonitas aos olhos de quem nos vê e nem sempre ao nosso próprio espelho. Claro, querer melhorar é sempre bom, aliás, ótimo. Motivar-se com alguém, seguir um estilo de vida saudável, alimentação balanceada, esportes (sim, correr!!!) é sempre válido e importante. Porém jamais querer ser alguém que não somos. Acho que antes que mil #ProjetosNoInstagram , temos que ter o nosso projeto pessoal: ser feliz.
internet
Voltando à Savannah Sanitoa, refleti sobre aquilo, inclusive busquei mais informações sobre a atleta, mas os 14.23s para 100m não me saíam da cabeça. Como tinha treino de pista e justamente tiros de 100m, pensei: “vamos ver o quão próximo eu consigo chegar dela”. A pista em que eu treino é de areia batida, com ondulações porque chove muito e bate um vento miserável, mas isso não justifica o meu tempo ter sido mais alto que o dela e, mesmo sendo mais magra (ela pesa 95kg e eu 62kg – mas o que isso importa né?), não cheguei nem perto (e tinha total e absoluta consciência que não chegaria) da sua marca nos 100m. Meu melhor tiro foi 100m em 19.08s.
Mas isso me motivou a dar o sangue na pista naquele dia de treino. E perceber que temos que fazer nosso melhor. Savannah foi até Berlin em 2009 e competiu, dando seu melhor, embora não estivesse na sua melhor condição (ou será que para ela era uma boa condição e estou eu querendo estabelecer um padrão?).
Recordo-me da minha primeira corrida rústica, 10km em 2003. No km 2, aprox., um senhor veterano seguiu ao meu lado e disse: “tá bem moça, vai assim que tá bem”, e disparou. Perdi-o de vista. Ali foi a primeira e principal lição que tive nas corridas: “não subestime um corredor”. Ainda, outro fato que me chamou a atenção: o último domingo, uma amiga corredora, acostumada com as meias-maratonas e retornando agora às provas, disse: “nossa, estou me sentindo ridícula de largar nos 3km”. Briguei com ela, claro. Ridículo é quem nem sequer tenta. E toda reabilitação requer paciência e disciplina.
O que eu tiro de lição: jamais devemos subestimar uma prova, uma distância, tão pouco quem está correndo conosco. A corrida, assim como qualquer esporte, exige respeito. Respeitar a prova, suas adversidades, os concorrentes, o seu próprio organismo e limitações. Aceitar que sempre haverá pessoas melhores e piores mas que o importante é sempre fazermos o nosso melhor e superar a nós mesmos. E, acima de tudo, buscar o que nos faz feliz. Melhorar é legal, buscar o que faz bem e feliz, mas sem neurose. Não interessa o que os outros pensam, ou vão pensar. O que realmente importa é você!
(Texto originalmente publicado no site Papo de Esteira - Coluna IMpossível - em 2013)

6 de mai. de 2014

Meia Maratona Ecológica de Curitiba

Olá pessoal!!


Arquivo pessoal
Neste último domingo, 04, participei da Meia Maratona Ecológica de Curitiba, prova que incluía distâncias de 5km, 10km e 21km, organizada pela Thomé e Santos. 

Semana da prova foi conturbada, agitação profissional, clima frio, imunidade meio baixa desde a última "peripércia" esportiva...peguei uma virose e fiquei "de molho" desde quarta-feira. No sábado senti que dava para correr de leve os 21km, falei com meu técnico, San Palma, e fui! Treinão de luxo no ritmo do corpo...só pra matar a vontade de correr uma meia maratona.  Pois é...essa tal de corrida é um bichinho que nos pega e não larga mais!

Dia bonito, sol, céu azul, friozinho agradável. Prova muito bem organizada. Largada pontual as 7h na Praça Nossa Sra de Salete (amo provas naquela região), postos de água a cada 3km, ruas fechadas para os atletas (vi poucos incidentes com motoristas apressadinhos e mal educados), chegada organizada, pipocas barrados antes da área de dispersão e kit pós prova caprichadinho - assim como o kit da prova. Custo x benefício justo.

O percurso...ah, o percurso! Detalhe a parte... se você gosta de subidas, essa é sua prova! Era um sobe, desce, vira aqui, vira ali, que, sinceramente, nem dava pra perceber os km's passarem. Para o psicológico é muito bom, e para o corpo foi um bom desafio. Não foi fácil mas foi ótimo! 

O que mais me chamou a atenção foi uma senhora que assistia a prova passar em frente a sua casa, segurando uma bandeira do Brasil e acenando para nós. Sim, ali podíamos nos sentir verdadeiros heróis por estarmos na batalha, fazendo nosso melhor e buscando concluir os 21k (só faltou o "tan tan taaaan, tan tan taaaan" do Ayrton Senna!). Uma imagem tão singela e inocente que ficará gravada na minha memória.  

As vezes se desligar um pouco de tempo,  metas ambiciosas, cobranças, vale a pena. Encarar uma prova razoavelmente longa sem encanar com tempo, pace, ouvindo seu corpo, dosando seu esforço, contemplando o entorno, interagindo com quem está a sua volta é bacana também. Confesso que desapegar do relógio não é fácil, ao menos para mim. Na verdade não é NADA FÀCIL. Não vou ser hipócrita porque quem me conhece sabe como sou. Mas a cabeça tem que estar aberta ao novo e temos que ter sensibilidade em ouvir o nosso corpo naquele momento. A experiência foi "muito rica e valiosa", como diria um professor meu. Aconselho todos a tentarem um dia.

Foto: Arthur Nauffal - Vivo Esportes
Não posso deixar de mencionar um fato que aconteceu no sábado, entrega dos kits, que teria tudo para frustrar a corrida mas, pelo contrário, tornou o evento ainda mais destacável para mim. Quando fui retirar o kit, meu nome não constava na listagem de inscritos. Desespero! Chateação! Oh, meu Deus! A organização prontamente já conferiu meus documentos, comprovante de pagamento e efetuou novo cadastro. No domingo corri confiando estar tudo certo. E de fato estava (ufa!). Dessa forma não posso deixar de mencionar e agradecer a atenção e a consideração do Vilson Thomé, organizador da prova, e do Henrique, do Linha de Chegada, em verificar o que houve e justificar o ocorrido. Se todos os envolvidos em organizações  de provas tivessem esse respeito com o atleta, seria fantástico!!! 


Arquivo pessoal
Bom, seguem meus agradecimentos (peguem o lencinho...porque essa medalha também é de vocês..snif!): minha mãe ( que quis ir junto, mesmo tendo que acordar 4h45 num domingo); meu coach, San Palma, pela atenção, paciência e dedicação, sempre; à família CMTeam thanks a lot !!!; aos amigos e amigas que encontrei na prova e aqueles(as) que sempre estão na torcida! 

Pessoal da Vivo Esportes, valeu pela cobertura e pelas fotos! 

Bons treinos e até a próxima!