23 de nov. de 2015

Paciência, a grande guerreira



[CRÔNICAS DAS CORRERIAS]

Choveu a noite inteira mas aos poucos os pingos foram acalmando e, um a um, sumindo por completo. O céu clareou, a manhã se fez presente e o sol, sorrateiro,  deu seu bom dia juntamente com o azul que teimosamente insistia em permanecer na segunda-feira. Encantada com a paisagem que se formou tão cedo, saí para correr. Ao chegar na esquina, me deparei com os raios de sol que transpassavam uma árvore e iluminavam toda a rua. E quanto mais corria, mais aqueles raios insistiam em me acompanhar e aquecer. Porém na metade do percurso, o céu azul foi vencido pelo cinza, as nuvem carregadas ressurgiram e aqueles raios de sol tão amistosos se despediram, dando lugar àqueles pingos de chuva sorrateiros que decidiram voltar. A paisagem tão iluminada, digna de uma primavera, deu lugar ao cinza úmido. E eu terminei o treino, encharcada, num misto de transpiração e chuva, porém grata pela oportunidade de iniciar a manhã de uma forma tão maravilhosa.

E toda essa narrativa de alguns kilometros, me fez pensar muito, principalmente o quanto somos pequenos diante da imensidão e do poder da natureza. O que nos resta senão contemplar cada momento, absorver dele a sua energia e saber que cada situação traz consigo algo positivo. Não temos o poder de fazer as coisas acontecerem no NOSSO tempo mas temos o poder de aprender com cada etapa desse tempo.  

Paciência, persistência e resiliência. Nenhuma evolução e nenhum objetivo se alcança sem elas. Ter a paciência para fazer cada treino (principalmente nos macro ciclos), persistir quando as condições não são as mais favoráveis (clima, problemas pessoais, profissionais) e quando algo não der certo, voltar pro rumo e continuar. O caminho é árduo, a paisagem muda, os obstáculos surgem, mas nos mantemos ali no percurso, seguindo pacientemente, persistindo nas dificuldades e se refazendo a cada tropeço. 

"Os mais poderosos guerreiros são o tempo e a paciência", disse Tolstoy. O problema é que há muitas guerras e cada vez menos guerreiros, por falta de tempo em se dedicar a algo de coração e por não haver paciência de seguir até o final, enfrentando todas as interpéries.