10 de out. de 2018

O que é a fibromialgia?

Conforme eu prometi a vocês lá no Instagram, esse é o primeiro de uma série de posts sobre a fibromialgia, uma “colega” com quem estou aprendendo a conviver. Nessa série vamos conversar sobre o que é essa síndrome, como eu a descobri, os sintomas, ups and downs, como fica a vida pessoal, esportiva e profissional, e a retomada dos planos depois do diagnóstico e a nova jornada.

Mas, para iniciar essa nossa conversa, vamos saber o que é a fibromialgia?

Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a síndrome da fibromialgia (FM) é uma síndrome clínica que se manifesta com dor no corpo todo, principalmente na musculatura. Além da dor, há a fadiga (cansaço que nunca passa), sono não reparador (a pessoa acorda cansada) e outros sintomas como alterações de memória e concentração até para pequenas ações, ansiedade, depressão e alterações intestinais. Uma característica da pessoa com FM é a grande sensibilidade ao toque e à compressão da musculatura, ou seja, uma sensação de dor “na carne”, onde apenas encostar para passar um creme ou pentear os cabelos é doloroso.

Alguns dados
Não estamos só! A fibromialgia é um problema bastante comum, visto em pelo menos em 5% dos pacientes que vão a um consultório médico geral e em 10 a 15% dos pacientes que vão a um consultório de Reumatologia.
De cada 10 pacientes com fibromialgia, sete a nove são mulheres. Não se sabe a razão porque isto acontece.  A idade de aparecimento da fibromialgia é geralmente entre os 30 e 60 anos. Porém, existem casos em pessoas mais velhas e também em crianças e adolescentes.
Lady Gaga e Morgan Freeman são personalidades que convivem com a síndrome e a tratam publicamente.

Sobre o diagnostico

O diagnóstico da fibromialgia é clínico, isto é, não se necessitam de exames para comprovar que ela está presente. Se o médico fizer uma boa entrevista clínica, pode fazer o diagnóstico de fibromialgia na primeira consulta e descartar outros problemas.
Os critérios de diagnóstico da fibromialgia são:
a) dor por mais de três meses em todo o corpo.
b) presença de pontos dolorosos na musculatura (11 pontos, de 18 que estão pré-estabelecidos).
Por serem sintomas comuns a outras patologias, é necessário que o diagnóstico seja feito por um médico especialista, ok?



Sintomas
O sintoma mais importante da fibromialgia é a dor difusa pelo corpo. Habitualmente, o paciente tem dificuldade de definir quando começou a dor, se ela começou de maneira localizada que depois se generalizou ou que já começou no corpo todo. O paciente sente mais dor no final do dia, mas pode haver também pela manhã.

A alteração do sono na fibromialgia é frequente, afetando quase 95% dos pacientes. O sono tende a ser superficial e/ou interrompido e a pessoa acorda cansada, mesmo que tenha dormido por um longo tempo – “acordo mais cansada do que eu deitei” e “parece que um caminhão passou sobre mim” são frases frequentemente usadas. Esta má qualidade do sono aumenta a fadiga, a contração muscular e a dor.

A depressão está presente em 50% dos pacientes com fibromialgia. Por muito tempo pensou-se que a fibromialgia era uma “depressão mascarada”. Hoje, sabemos que a dor da fibromialgia é real, e não se deve pensar que o paciente está “somatizando”, isto é, manifestando um problema psicológico através da dor. Por outro lado, não se pode deixar a depressão de lado ao avaliar um paciente com fibromialgia.

Pacientes com FM queixam-se muito de alterações de memória e de atenção, e isso se deve mais ao fato da dor ser crônica do que a alguma lesão cerebral grave. Para o corpo, a dor é sempre um sintoma importante e o cérebro dedica energia lidando com esta dor e outras tarefas, como memória e atenção, ficam prejudicadas.

O que causa a Fibromialgia?

Não existe ainda uma causa única conhecida para a fibromialgia, mas já temos algumas pistas porque as pessoas têm esta síndrome. Os estudos mais recentes mostram que os pacientes com fibromialgia apresentam uma sensibilidade maior à dor do que pessoas sem fibromialgia. Na verdade, seria como se o cérebro das pessoas com fibromialgia estivesse com um “termostato” ou um “botão de volume” desregulado, que ativasse todo o sistema nervoso para fazer a pessoa sentir mais dor. Desta maneira, nervos, medula e cérebro fazem que qualquer estímulo doloroso seja aumentado de intensidade.

A fibromialgia pode aparecer depois de eventos graves na vida de uma pessoa, como um trauma físico, psicológico ou mesmo uma infecção grave. O mais comum é que o quadro comece com uma dor localizada crônica, que progride para envolver todo o corpo. O motivo pelo qual algumas pessoas desenvolvem fibromialgia e outras não ainda é desconhecido.

Dor de verdade? O que não mais se discute é se a dor do paciente é real ou não. Hoje, com técnicas de pesquisa que permitem ver o cérebro em funcionamento em tempo real, descobriu-se que pacientes com FM realmente estão sentindo a dor que referem. Mas é uma dor diferente, onde não há lesão na periferia do corpo, e mesmo assim a pessoa sente dor. Toda dor é um alarme de incêndio no corpo – ela indica onde devemos ir para apagar o incêndio. Na fibromialgia é diferente – não há fogo nenhum, esse alarme dispara sem necessidade e precisa ser novamente “regulado”.
Esse melhor entendimento da FM indica que muitos sintomas como a alteração do sono e do humor, que eram considerados causadores da dor, na verdade são decorrentes da dor crônica e da ativação de um sistema de stress crônico.


Vida que segue
A síndrome da fibromialgia quando sob controle (medicação, dieta, suplementação, atividade física, terapia) permite uma vida normal ao paciente. O importante é seguir o tratamento prescrito e a prática de esportes. No meu caso, retomar os treinos foi condição obrigatória imposta pelo médico. Não foi fácil, acreditem. E essa retomada vocês acompanharão nos próximo posts e também pelo Instagram.

Se cuidem e fiquem bem! 
Até lá!


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