28 de fev. de 2016

O feeling pessoal e os números

Olá pessoal,


Sabe aquele dia que você não espera nada do treino e ele sai redondinho? Será que é o treino te surpreendendo ou será que não é você mesmo mostrando que tem um bom autoconhecimento? Ouvir o corpo é fundamental para a evolução de qualquer treino e a conquista do seu objetivo.      

O coach San Palma, meu treinador, ensinou que devemos ouvir mais o corpo do que os números. Sempre fui adepta dessa teoria. Pace, frequência cardíaca, velocidade, potência...são importantes? Sim, claro! Frequencímetros, medidores de potência, podômetros, GPS...é a tecnologia a favor do esporte e devem ser considerados. Para os atletas de rendimento são poderosas ferramentas. Entretanto, nada disso terá eficácia se o atleta não conhecer seu corpo, as alterações que o treino provoca nele, os fatores que alteram a sua performance e seu rendimento, os "ups and downs" da rotina e como lidar com tudo isso e usar a seu favor.

Se considerarmos a grande parcela de corredores, principalmente amadores, muitos esquecem de prestar atenção na sensação subjetiva de esforço, de perceber o ritmo exato que faz a FC aumentar, a força nas pernas necessária para pedalar mais forte, o técnica da braçada que faz a remada ser mais consistente.  E tudo também varia do dia do treino. O San sempre fala que se você está em um dia bom, sem muito estresse, alimentação correta, boas horas de sono, está bem de saúde, o atleta irá render; já se a noite foi mal dormida, houve estresse no trabalho, preocupações, está com alguma infecção no organismo, fez alguma refeição fora do programado, infelizmente isso será refletido nos treinos.

Em uma ocasião peguei uma intoxicação alimentar que me derrubou. Fiquei três dias off e voltei aos poucos, dosando os treinos e executando-os a medida que me sentia confiante, porém na bolha da zona do conforto (porque não era o momento de querer ousar nada, né?).  Penso que treinar pouco é sempre melhor do que não fazer treino algum, desde que haja condições para esse "pouco" também. Recuperando-me como um conta-gotas, fui seguindo e percebendo que a cada dia o corpo dava sinais de progresso. Mínimo, mas dava. Até que duas semanas depois havia um longo de respeito e eu realmente não queria (e nem podia) mais perder treino em função do calendário de provas e dos objetivos buscados. 

Então chegou o primeiro longo da lista: corrida. A intenção era ser meio Forest Gump, sabe? Correr e apenas correr, ouvir o corpo e deixar ele ditar o longo que seria feito (ótimo se fosse inteiro!) e tudo evoluiu bem, até que você está pra fechar a distância e quer dar pulos como o Rocky na escadaria da prefeitura da Philly! hahahaha. Já o segundo longo sequencial, natação, foi no embalo da endorfina da corrida e após muitos e muitos azulejos contados, terminou. 


É a velha máxima: men sana in corpore sano. Cabeça e corpo tem que trabalhar em conjunto ou o resultado não virá. Atleta saudável tem rendimento e resultado, porém o primeiro passo para isso é se autoconhecer, compreender seus limites e saber encaixar os treinos dentro da sua capacidade. Se não é o dia, não force. Melhor parar um dia do que comprometer uma temporada ou, pior, colocar em risco a própria saúde. 

E não há planilha, manual ou receita de bolo que ensine como se conhecer... o feeling é na prática, na sensibilidade dos treinos diários, nos erros e acertos, no bons e maus treinos. Aliás, não existem treinos ruins, há aqueles que ensinam mais e outros menos. Na dúvida, converse com seu treinador e, juntos, busquem a melhoria contínua.

A linha entre a persistência a teimosia é tênue e você é o único capaz de distinguí-la. 

Bons treinos e até a próxima!


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